terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ramadã

Estamos no mês do Ramadã, mais ou menos como a nossa quaresma, são 4 semanas em que os mulçumanos passam o dia em jejum, enquanto o sol estiver no céu, nenhuma comida e nenhum líquido. As rezas são dobradas e não é permitido fazer sexo, e para os mais radicais, até um sorriso é sinal de desrespeito ao mês sagrado. As mesquitas ficam tão cheias, principalmente nos últimos dias, que as pessoas improvisam lugares para rezar no meio da rua.
Mas é só a noite começar e a cidade se transforma. Sem o calor forte e depois de tomar o seu "café da manhã", todo mundo vai pras ruas, que estão iluminadas e movimentadíssimas.
Este é o grande bazar do Cairo. Um labirinto de ruas, um mar de gente fazendo compras para a grande festa que começa com o fim do Ramadã.
Tem que ter sangue frio e muita disposição para encarar a multidão e os incasáveis vendedores, que nos seguem oferecendo suas mercadorias por um "very cheap price, sir".

Seja o que Deus quiser

De volta à poluída, quente e caótica capital do Egito. Espero que vocês consigam enxergar as pirâmides, mais ou menos no fundo da foto, quase sumindo na névoa de poeira e monóxido de carbono.
O Egito é um país muuuuito pobre, a sujeira e a precariedade são assustadoras, mesmo pra gente que mora no Brasil. Mesmo nos bairros mais "chiques" não existe calçada para andar, muitos buracos, muito entulho, areia e lixo. Os prédios são todos inacabados, cada um termina o seu apartamento do jeito que dá, então, não existe nenhuma fachada regular... 
Bom, mas o presidente que está no poder há 27 anos, com 300 mil plásticas e muita tinta no cabelo, vive muito bem, obrigado. Sua residência oficial é num dos mais exclusivos resorts do mar vermelho e diz a lenda, que ele só bebe água importada da Europa... 
O trânsito é um capítulo a parte. Totalmente caótico, sem lei. Ninguém para no farol, nenhum carro tem espelho retrovisor, todo mundo anda à mil por hora, muda de faixa sem avisar, não se usa capacete, às vezes vemos 4 pessoas numa moto só, incluindo criancinhas de colo. Um verdadeiro festival de buzinas altamente estressante. A gente anda com o coração na boca. Mas por incrível que pareça, não vimos nenhum acidente... quer dizer, a nossa van trombou num taxi mais velho que matusalén, mas ninguém tem seguro nem nada... também os carros são tão velhos que nem vale a pena. O nosso guia explicou ninguém se preocupa com o trânsito louco, nem com os acidentes... está tudo na mão de Alá. Se bater, bateu: é o destino

Vale dos Reis

Com um impressionante calor às 8 da manhã, formos visitar o Vale dos Reis e das Rainhas em Luxor, o lugar onde os faraós e suas rainhas eram sepultados.
Aqui está a Nefer, no vale das Rainhas. O túmulo dela não fica aqui, e sim em Thebes. É uma das tumbas mais bonitas, com sua rica pintura em ótimo estado de conservação, mas infelizmente, está fechada... com suas cores irresistíveis, as pinturas estavam sendo danificadas pelo toque dos turistas.

Vistamos algumas tumbas, lindamente decoradas. Parece que algumas foram feitas ontem, de tão vivas e coloridas. Vermelhos, azuis, verdes, amarelos, do chão ao teto, desenhos lindos e mágicos. Mas infelizmente é proibido fotografar. Mas passar a mão pode.... coisas do Egito...

sábado, 27 de setembro de 2008

O templo de Luxor




Uma experiência, visitar o templo durante a noite.

Um passeio de feluca

Um refrescante passeio de feluca pelo Nilo.


Overdose faraônica

Depois de alguns dias visitando templos e tumbas a gente já começa a misturar tudo na cabeça, os nomes dos faraós e suas rainhas, as cidades, as histórias.... basicamente, uma longa longa história de conquistas e guerras, os reis deuses e sua preparação para a vida eterna. Aqui está a Nefertiti, curtindo o sol de 45º, visitando o seu antigo amigo Hórus, em Edfu.
Este é Karnak, o interminável complexo de templos, que teve a contribuição de quase todos os reis de toda a história Egípcia em suas reformas, melhorias, adendos, puxadinhos. Cada um fez questão de deixar sua assinatura em Karnak, que algumas vezes eram apagadas pelo faraó seguinte, como vingança ou megalomania mesmo.
Os números são inacreditáveis.... 2500 esfígies, obeliscos de 28 ou 42 metros, estátuas de centenas de toneladas, pedras maciças de granitos trazidas de outras cidades, 5000 trabalhadores e artesãos construindo templos e tumbas em prazos absurdos.
E alguns destes templos têm 4000 anos! E nas tumbas do Vale dos Reis, por exemplo, existem pinturas que parecem que foram feitas ontem. Parece mentira. O mais incrível, é que a organização egípcia é tão avacalhada, que você pode tocar nas pinturas, sentar em estátuas milenares...

Uma grandeza que não deve existir em nenhum outro lugar no mundo. Toda opulência e majestade ainda de pé (ou quase), mesmo depois de tanto tempo, se pode entrar, tocar e ficar de queixo caído... mas é engraçado... todos estes templos e tumbas não transpiram mais religiosidade... foram saqueados, desacralizados, esquecidos séculos sob a areia ou água, usados como refúgio, destruído por invasores... hoje são monumentais caixas de pedras vazias.

O rio Nilo




O rio é lindo mesmo... tanta água no meio do deserto, as margens cheias de verde, palmeiras, cana de açúcar, trigo, bananas... como devia ser no Egito antigo e até hoje. Descemos o rio num cruzeiro "5 estrelas" de Aswan até Luxor. Com direito a festa a fantasia, e dança do ventre, que fizemos questão de passar bem longe.

Comboio no deserto

Quatro da manhã, estávamos no ônibus, indo de comboio para Abu Simbel, um templo ao sul de Aswan. Para evitar ataques terroristas e sequestros de turistas (como o que aconteceu na semana passada), as viagens de ônibus são feitas em comboios, em estradas vigiadas e cheia de guardas sonolentos e armados até os dentes.
areia, areia, e um horizonte sem fim, apenas pequenos montinhos de areia escura...

...eis o monumental templo do faraó Ramsés III, o grande guerreiro, que reinou o Egito por 22 anos e morreu com quase 90. Foi um dos faraós que mais construiu templos e estátuas monumentais.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Aswan

No meio do deserto, a cidadezinha vive do Rio Nilo e seu passado como entreposto comercial, e como o maior fornecedor de pedras para todos os monumentos do Egito antigo. Por aqui passavam os marfins, peles de animais, ouro e frutas do sul da África e também os colossais obeliscos e granitos negros que guardavam os nobres homens para a sua vida eterna. A foto é do nosso hotel. Coisa de sultão.
O templo de Philae foi construído numa ilha do rio Nilo por Ptolomeu, o primeiro faraó grego do Egito. O invasor queria ser aceito pela população local e reinar em paz, por isso, levantou este templo em honra de Isis, a grande deusa egípcia. 
O templo acabou ficando submerso quando foram construídas as duas barreiras no rio Nilo. Por isso, com a colaboração da Unesco, o templo foi desmanchado e totalmente reconstruído em uma outra ilha, mais alta. Parece um verdadeiro cenário de filme. Mais uma vez, dizem que as paredes eram todas coloridas, e as figuras eram cobertas de ouro (que ainda é visível em pequenas partes dos relevos, resitindo a séculos de saques).
Estamos no começo do outono, mais quanto mais ao sul, mais quente... hoje passamos o dia andando sob um sol de 45 graus. Chuva é uma coisa que não existe por aqui... anos e anos podem se passar sem uma gotinha do céu. A última parece que foi há 6 anos!

Mas o rio Nilo está sempre por perto, com suas margens verdes, felucas e o seu movimento constante. Só de olhar parece que ficamos refrescados, mas a brisa que sopra é quente.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pura geometria



a grande pirâmide de Queóps, dá pra ver o tamanhozinho do homem na base? Dizem que antigamente ela era 9 metros mais alta, toda revestida de pedras lisas e polidas, pintada de branco e com inscrições mágicas.... talvez até tivesse um topo de ouro, que refletia a luz do sol quilômetros e quilômetros para além do deserto

Cairo, planeta terra

foi um choque chegar no cairo....
A esfínge, a pirâmide, a caravana de camelos
finalmente... alalaôô ô ô...

atravessamos o deserto do Saara... o sol estava quente e queimou a nossa cara.. pagamos o mico e subimos no pobre camelo...

domingo, 21 de setembro de 2008

Siena

Cansados do fuzuê de Napoli, fugimos para a maravilhosa Siena. Mudamos do Lemoncello para o vinho Chianti, do peixe para o pici trufado e as carnes com alecrim e mel.
Uma cidade que ficou rica com os bancos e as rotas de comércio da idade média. Aniquilada pela peste negra em 1348, parece que parou no tempo. Parece que Bocaccio é da região... A igreja do Duomo é maravilhosa, com o chão todo decorado em grafitto ilutrando desde sábios da alquimia, mitologia grega e as cruzadas.
Subindo no alto do Duomo Novo, a cidadezinha medieval do alto. Que coisa linda enxergar o fim da cidade, e depois o campo. Dá uma paz.... Penso em São Paulo e como é sufocante a sensação de que a cidade nunca termina...

e se vai mais um dia na bela Toscana. Amanhã acordamos no Cairo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mentiras sinceras

Perguntamos ao motorista da nossa pousada como estava a situação do lixo em Napoli. Ele nos explicou exaltado que era um aburdo o que andavam falando de Napoli! Que tudo o que acontece de ruim na Itália, a culpa é de Napoli e da Mafia, que injustiça! Napoli está limpa! Napoli é bela! Bom, se Napoli está limpa, não quero nem passar passar por perto quando estiver suja!
Mas a cada dia que passa, gostamos mais daqui. As pessoas são tão simpáticas, extravagantes, barulhentas, divertidas e expontâneas... dá pra ver que a vida é difícil, não tem dinheiro sobrando, mora todo mundo amontoado, o trânsito é uma loucura, os ônibus são lotados... 

mas acho que a bagunça faz a gente se sentir em casa, parte da cidade, sem nenhuma barreira. Depois que você aprende a atravessar a rua sem medo de ser atropelado e o caminho da pizzaria onde se come a melhor Marguerita do mundo, tudo vira coisa nossa!

Costa Amalfitana

Acho que Positano, Amalfi e redondezas já viram dias melhores... agora, fim de verão, as cidadezinhas andam cheias de lojinhas vendendo cacarecos, pedaços de pizza fria por 10 euros, turistas esturricados desfilando deselegância e antipatia...
Esta igreja em Amalfi é bem interessante... meio moura, meio bizantina, com as portas monumentais de bronze trazidas de Constantinopla. Resultado das primeiras cruzadas e retrato da riqueza da cidade no começo da era italiana das rotas comerciais pelo oriente.
não é Gioto, mas olhem esta Maria Madalena de costas com sua cabeleira ruiva!
Fico imaginando como surgiu a arte dos mosaicos... as casas gregas e romanas eram cobertas de mosaicos delicadíssimos... aqui, estes mosaicos geométricos uma mistura de itália com oriente.