sábado, 21 de junho de 2008

O Ipiranga de Berlin

Schöneweid, Berlin: uma linha de trem, um rio que vinha das minas de carvão da silésia, um vento que soprava do leste para o oeste. Condições mais que favoráveis para se criar um grande parque industrial de Berlin. O carvão vinha da polônia, o rio era a estrada de transporte e o vento, não deixava que a fumaça preta da indústria fosse para o lado leste da cidade, onde viviam os burgueses e a fina nata da sociedade. A fumaça, os apartamentos apertados sem banheiro e sem aquecimento, as ruas sem árvores ficavam para os trabalhadores. Isso começou lá no começo do século 19. Neste lugar foi inventado o jeito de transformar a energia produzida pelo carvão em energia elétrica e depois, como transportar esta energia por longas distâncias. Ou seja: a base da indústria moderna. Quando a Alemanha foi dividida, este lugar ficou parte da DDR e parou no tempo, nunca sendo revitalizado, ou modernizado. Na reunificação da cidade e do país, o que restava eram apenas galpões e galpões com equipamentos antiquados, instalações precárias -- não havia a menor chance contra as indústrias modernas do lado ocidental. As fábricas foram fechando uma a uma, os empregos acabando, a vizinhaça se deteriorando, o alcoolismo cada vez maior...... Aí, a cidade que nunca para de se reiventar e revitalizar começou a criar um novo uso para estes galpões velhos e tristes, a beira do Spree: escolas! Modernizados e adaptados, estes galpões se transformam pouco a pouco em escolas técnicas, abrigando 8000 alunos, e trazendo nova vida ao bairro.
Neste passeio tivemos a oportunidade de ver um pedaço da cidade em transformação, ainda é possível ver todas as instalações fabris como eram no começo do século 20, os prédios decadentes ainda aquecidos a carvão e a mutação para um presente cheio de esperança e juventude.
O nosso maravilhoso guia Matthias Rau nos mostrou mais uma vez o lado B de Berlin, onde não existe starbucks e nem turistas descolados. Aqui o bicho pega!

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